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16 de jan. de 2015

Qual é a origem da lenda dos vampiros?


Essa lenda é tão remota quanto a própria existência humana. A essência do vampiro como um monstro sugador de energia vital foi uma das primeiras manifestações culturais diante do desconhecido: as doenças. Nos primórdios, ninguém tinha esse conceito de "doença". O corpo humano e sua complexidade eram absolutamente ignorados. Quando alguém começava a passar mal logo creditavam o fato a algo sobrenatural. Então surgiu a ideia de seres que se alimentavam da energia dos vivos, deixando-os naquele estado torpe até, talvez, levando à morte.




Essa crença popular tem registro em culturas antiquíssimas como a mesopotâmica, a grega, a suméria, a babilônica, a asteca, a africana, a hebraica e muitas outras. Sendo o sangue o símbolo da vida, muitas acreditavam que os seres se alimentavam dele. Apesar da terem aparência variável nos mais diversos folclores, foi nos vilarejos da Europa central que eles começaram a se parecer mais com os vampiros de hoje. E serem documentados também. Espalhou-se por ali que os corpos de suicidas, excomungados ou não-batizados, quando a noite caía, levantavam do túmulo e voltavam para sugar o sangue de seus parentes (que se tornavam vampiros também) e depois voltavam para o cemitério na forma de morcegos. Isso gerou uma onda de pânico que resultou no assassinato de muitas pessoas por crer-se serem vampiras. Acontece que algumas das doenças que atacaram a Europa no séc XVIII, hoje conhecidas e desmestificadas, têm sintomas próximos aos relatos de vampirismo:

Catalepsia: todos os sentidos vitais do corpo se tornam quase imperceptíveis e a pessoa, consciente, fica imóvel, sendo muito comum o diagnóstico de óbito. Porém, a pessoa desperta do estado após um tempo, podendo ser confundida com um morto-vivo.

Porfíria: doença sanguínea hereditária que tem como sintomas palidez, sensibilidade a luz solar e esticamento da pele ao redor dos lábios e gengiva, deixando os dentes mais saltados.

RAIVA: 7 vezes mais comum em homens (vampiros geralmente são homens), gera hiper sensibilidade a estímulos como odor (alho), água (água corrente, benta ou não), luz (sol), insônia e tendência a vaguear (hábitos noturnos), libido aguçada (sensualidade) e ataques de agressividade (quando mordidas são comuns).

A raiva ainda tem como característica ser transmitida por animais contaminados, o que pode ter creditado aos vampiros a capacidade de metamorfose. E, ainda por falta de conhecimento, eles se "certificavam" que a pessoa era um vampiro quando encontravam o corpo do cadáver com sangue fresco saindo pela boca. Hoje é sabido que, mesmo após a morte, a putrefação acaba expelindo o sangue. Além do agravante da raiva deixar o sangue liquefeito por um bom tempo após o óbito. E terras úmidas e frias (como as da Europa central) preservam melhor os cadáveres, mantendo-os mais tempo que o comum.

Ainda há a crença judaico-cristã, que defende que o primeiro vampiro foi um personagem bíblico bem conhecido: Caim. Após matar o irmão e não se arrepender, ele teria sido amaldiçoado e se tornado o primeiro vampiro da história.

O termo "vampiro", aliás, apareceu só no século XVIII na França, como "vampire", num documento que registra casos vampirísticos. A origem da palavra é muito questionada. Pode vir do russo upir, do húngaro vampir ou ainda do turco uber.

Mas o ponto decisivo para a concepção do vampiro atual foi o famoso livro Drácula, de Bram Stoker, lançado em 1897. Inspirado no crudelíssimo príncipe Vlad Tepes Dracul, que governou a Valáquia (atual Romênia) na metade do século XV, o escritor misturou fatos históricos com várias crenças populares (tanto que, no livro, o vampiro vira lobo), aterrorizou gerações e perpetuou a imagem do vampiro nobre, sedutor e misterioso.

As diversas manifestações que se seguiram foram creditando outras características ao monstro até ele virar o que é hoje: o personagem mais popular em livros, filmes, seriados e jogos. Sedutor, infantil, selvagem, cruel e até mesmo brilhante à luz do sol.
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