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17 de abr. de 2015

O Grito (2004)


O Grito
Título Original: The Grudge
Ano: 2004 • País: EUA, JAPÃO
Direção: Takashi Shimizu
Roteiro: Takashi Shimizu, Stephen Susco
Produção: Sam Raimi, Robert G. Tapert
Elenco: Sarah Michelle Gellar, Jason Behr, Clea DuVall, William Mapother, KaDee Strickland, Grace Zabriskie, Bill Pullman, Rosa Blasi, Ted Raimi, Ryo Ishibashi, Yuya Ozeki, Takako Fuji

Definitivamente a plateia ocidental não está preparada para o cinema oriental. Ou somos muito preguiçosos pra entender, ou somos burros mesmo. Ou ainda não conseguimos distinguir os personagens, afinal dizem que japonês é tudo igual. O cinema oriental, em especial o japonês, nunca foi bem divulgado em nosso país. Além de Kurosawa, não me vem à mente nenhum outro diretor famoso entre nós. Fato é que a ‘mis-en-scéne‘ Oriental diverge muito da Ocidental o que faz com que muitas pessoas torçam o nariz. E muitos filmes acabam injustiçados por isso.


O Grito é mais um exemplo de um daqueles filmes injustiçados. Filmes divertidos que têm equívocos sim (como qualquer outro filme) mas por alguma trapaça do destino ou força da natureza se transformam em filmes odiados e subestimados. Aqui no Brasil, O Grito comeu o pão que o diabo amassou. Na revista SET o filme não foi considerado Cinema, é mole?

O Grito é refilmagem de Ju-On, um filme de baixo-orçamento dirigido pelo mesmo diretor deste,Takashi Shimizu. Eu particularmente gosto das duas versões e vejo qualidade nas duas. Narra a história de Karen (Sarah Michelle Gellar) uma assistente social que está de intercâmbio no Japão juntamente com o namorado (Jason Behr). Certo dia é designada a tomar conta de uma velhinha americana meio autista (Grace Zabriskie) quando a assistente anterior Yoko (a gatinha Yoko Maki) some misteriosamente. No dia que toma conta da velhinha Karen vê um espírito que a deixa em estado de choque e mata a velhinha. A partir daí o filme é contado com a narrativa fragmentada, com idas e vindas no tempo, mostrando inclusive como a família da tal velhinha adquiriu a casa no Japão além de toda a maldição que ronda o local.



Um dos méritos do filme é manter a identidade original de seus vilões. Enquanto em O Chamado, Sadako foi trocada por Samara aqui Kayako (Takako Fuji) continua sendo Kayako assim como o enigmático Toshio (Yuya Ozeki). Além disso o filme se passa no Japão, uma alternativa interessante e incomum e mesmo que alguns críticos de Cinema reclamem do fato de Karen não se sentir deslocada por ser americana – vale lembrar que a moça está de intercâmbio e conhece muito bem a língua japonesa e o deslocamento está bem representado na personagem de Clea Duvall quando esta, no supermercado, fura uma embalagem de um produto pois não entende nada do que está escrito no rótulo.

A única bola-fora que achei foi terem escalado a insossa Sarah Michelle Gellar como atriz principal, já que a mesma é muito sem graça ao contrário de Kadee Strickland (Susan) que cumpre bem seu papel como irmã de Mattew (William Mapother) e daria uma boa protagonista, além de ser muito bonita.O filme apresenta ótimas sequências todas repetidas de seu filme original, claro que bastante melhoradas e usando o mínimo de efeitos especiais possíveis. Segundo o diretor Shimizu no ‘making of‘ que acompanha o DVD, quanto mais se usa efeitos digitais que não parecem reais, mais o elemento terror é perdido e nisso concordo com ele. Diferente de O Chamado, O Grito não é uma overdose de efeitos visuais, os que existem são necessários à história.

Um fato curioso dos bastidores é que Takashi Shimizu não fala uma palavra sequer em inglês! Através de uma intérprete ele se comunicava com o elenco americano! Seria muito mais fácil transferir a estória do filme para os Estados Unidos e contratar um diretor nativo, mas os produtores Sam Raimi e Robert Tapert merecem aplausos por confiarem no talento de Shimizu a ponto de o convidarem para dirigir a refilmagem de sua própria obra. Um outro mérito da história é que não há escapatória à maldição da casa. Quem entra nela morre. Sem exceção! E simplesmente não há uma saída! Tem coisa mais assustadora que isso? Em geral o Cinema japonês desse sub-gênero é totalmente pessimista: em Ringu mesmo salvando sua pele fazendo uma cópia da fita, você sofria algum tipo de consequência (se lembram do filhinho da Asakawa?). Em O Grito os inocentes literalmente sofrem simplesmente porque estão no lugar errado e na hora errada como explica o ator Ted Raimi (Alex) nos extras do DVD.


O Grito foi muito malhado pela imprensa brasileira. Até quando vi no cinema não achei grande coisa, mas revendo em DVD calmamente pude notar certas peculiaridades que engrandecem mais a obra. Talvez tenha sido malhado porque não apresenta soluções óbvias, aliás NÃO há soluções, Não há escapatória. Só há terror e suspense. E isso conta muito.

Não confie nem mesmo, na sua própria sombra, pois ela é a primeira a te abandonar na escuridão! Que seus piores sonhos se tornem realidade.

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